Escreva. A. Sua. História.
O poder de (re)escrever a própria história e a história de toda uma geração
Eu sei, colocamos um peso muito grande no que escrevemos, como se tivesse que ser sempre grandiosa. Quero te trazer aqui uma outra perspectiva: escreva para se lembrar, escreva para eternizar fases da sua história, escreva para refletir.
A escrita muda a vida, e viver muda a escrita.
Escrever é uma forma de eternizar partes da nossa memória. Poder relembrar com detalhes o que você viveu, reler depois de muitos anos como era o sabor daquela comida nova que experimentou, qual foi o sentimento de fazer a primeira trilha sozinha, o que pensava quando entrou num hostel pela primeira vez.
Quando escrevemos, somos as protagonistas das nossas próprias histórias. É tomar para si o poder de contar a sua própria história, com as suas palavras, os seus sentimentos. Em outras palavras: ninguém mais pode escrever a sua história, só você.
Muitas vezes sentimos algo e não entendemos o que é. Rascunhar textos é tentar dar nome e materializar nossos pensamentos. Isso pode nos ajudar a pensar de onde estão vindo nossos medos, angústias, sonhos, desejos e muito mais. E, claro, se questionar. É uma ferramenta de refletir sobre o que aconteceu, o que levamos daquilo que vivemos.
Ou, a melhor parte: revisitar suas histórias sempre que quiser. Por exemplo, ao reler a sua história nas suas diferentes fases da vida, você pode entender as fases que viveu. Assim como entender alguns medos que você tem até hoje, olhar com outros olhos aquilo que você fez, falou ou experienciou.
Todas temos sentimentos, angústias, medos e tantos outros sentimentos que não queremos compartilhar com mais ninguém, queremos deixar como segredos para nós mesmas. Por isso que muitas vezes escrever sobre isso pode ser uma saída para aliviar esse sentimento, confessar algo para você mesma que muitas vezes não queremos falar em voz alta.
Dicas pra estrada
Se você leu a news da semana passada, contamos a história de 6 mulheres que viajaram séculos atrás. Porém, só sabemos delas porque elas não só registraram as próprias viagens, elas COMPARTILHARAM SUAS HISTÓRIAS.
Escrever pode ser um ato coletivo. Podemos inspirar outras pessoas e até impactar as novas gerações. Reescrever as histórias que contam sobre as mulheres. Saber que também somos -ou podemos ser corpos- e almas viajantes.
Compartilhar é fazer com que pessoas como você se identifiquem com a sua história. Assim, nos sentimos menos sozinhas ao ler que outras mulheres tiveram os mesmos medos que nós, que enfrentaram as mesmas barreiras que nós. Que foram, fizeram, voltaram e contaram.
Quanto mais escrevermos e compartilharmos, mais olhares vamos ter sobre aquele lugar ou estilo de viagem. Uma mulher que viaja sozinha de hijabi vai ter uma história diferente da mulher que não usa hijabi, por exemplo. A mulher branca pegando carona pela América Latina vai ter uma experiência, uma mulher negra pode ter outra. A gorda vai ter uma visão de uma estadia, e a cadeirante outra.
Cada uma de nós tem um olhar único. Quanto mais histórias tivermos contato, mais vozes ouvirmos, mais visões temos sobre os assuntos.
“A história única cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história.”
Livro: O Perigo da História Única por Chimamanda Ngozi Adichie
Quando você era pequena, quantas eram as histórias de mulheres viajando o mundo sozinhas você ouviu? Quantos filmes, livros, novelas? Quantas delas eram negras? PCD? Queer?
Ao não receber essas histórias de alguém como nós, o medo grita. Afinal, se não vimos ninguém que tenha feito, logo pensamos quase que no nosso inconsciente, “não deve ser possível ou seguro. Então, não vou fazer.”
Compartilhar as suas histórias viajando sozinha é uma forma de contar novas histórias de mulheres que você gostaria de ter lido quando criança. Por isso que além de escrever, compartilhar a sua história é um ato de mostrar que pessoas como você existem e que outras pessoas poderão se inspirar, se identificar.
Que histórias suas você quer que as futuras gerações leiam?
Relato dElas
Falando nisso, quantas vezes você ouviu uma história de uma mulher que viaja sozinha DE MOTO? Pois permita-me lhe apresentar: Karol.
Ela sempre quis conhecer o próprio estado, ficou muito tempo buscando companhia para essa aventura. Mas… não podemos depositar nossos sonhos em outras pessoas. Por isso, ela mesma embarcou numa aventura única, viajar de moto sozinha por Roraima. Mais especificamente a Serra do Tepequém.
Não pense que foi tudo flores, teve muito preparo, que não a impediu de ter desafios. No relato completo disponível do site do Elas Viajam Sozinhas ela dá dica para mulheres que querem embarcar nessa jornada e sobre turismo em Roraima também.
“A 6 km antes de chegar ao destino final comecei a avistar as ladeiras, uma mais inclinada que a outra, aí lembrei da altitude da Serra do Tepequém 1022 metros, senti um misto de medo, adrenalina e euforia. Na primeira subida minha moto deu sinal que iria apagar, estava na primeira marcha, raramente eu conseguia jogar para segunda marcha.”
Quer ler essa história completa? Aqui está o relato completo da Karol sobre uma viagem sozinha de moto por Roraima!
Destino da news
Quando falamos de viagem normalmente pensamos em lugares muito longe de casa. E casa, nesse sentido é a sua casa mesmo. Seja ela no ABC paulista, como eu, ou Breves no Pará. Pra mudar isso, comecei a “curiar” cada vez mais cidades perto da minha cidade natal.
A da vez foi Cunha. Cunha é uma pequena cidade histórica entre montanhas, com pouco mais de 20 mil habitantes. Tem as belezas da montanha, e ainda está perto do mar de Paraty-RJ. Comida parece com a de Minas Gerais, tem muitas cafeterias, restaurantes, e uma charmosa igreja.
Cidade tranquila que foi minha casa por quase um mês, entre trilhas e muitos cafés. Ainda tirei um sonho da gaveta e me arrisquei a fazer as aulas de cerâmica que tanto queria. Tem cidades que nos levam pra perto de quem somos ou queremos ser.
A Trilha dos 7 Degraus, um caminho “clandestino” da Estrada Real, é um trecho de muita descida com paisagens de tirar o fôlego que liga Cunha até Paraty, E não apenas isso, mas o nascer do sol na Pedra da Macela. Que. Pôr. Do. Sol. Espetacular. As cores do céu indo do roxo, pro rosa, pro laranja, pro amarelo. E eu dali, do alto da Serra, olhando o mar de Paraty à minha frente, suas ilhotas, morrinhos. Eu conseguia ver até mesmo os barcos ali abaixo flutuando no ritmo das águas.
Por isso, te deixo a dica: desbrave cidades perto de você, olhe com outros olhos. Não precisa ir sozinha pro outro lado do mundo, a sua próxima viagem sozinha pode estar muito mais perto do que imagina.
Descontinhos pra levar
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Até a próxima parada,
Como viajante e pessoa que enche dois diários por ano, amei o texto!
Viajo sozinha há 3 anos, mas também viajo muito com minha filha -- uma companhia maravilhosa, mas, pensando em termos de responsabilidades, um outro tipo de viagem solo, pelo menos enquanto ela é criança. Muito bom conhecer esta newsletter e esta comunidade 💜
"Ninguém mais pode escrever a sua história, só você". Essa frase é tão poderosa em muitos sentidos!!
Seu texto é muito necessário!
E contar história de mulheres viajando pelo mundo é importantíssimo! Continue!!