Mulheres que abriram estradas
Quem foram as mulheres que viajaram sozinhas nos séculos passados? Como chegamos até aqui?
Existem mulheres que viajaram nos séculos passados que desbravaram um mundo muito mais inóspito que o nosso. Fizeram história, abriram rotas com as próprias mãos, mesmo que poucas linhas de livros sejam sobre elas. Hoje em dia viajar sozinha não deixou de ser um tabu, mas, cá entre nós, é muito mais aceito do que foi pra elas.
Fiquei intrigada com essas histórias, pensando em quem seriam essas mulheres. Comecei uma pesquisa ainda tímida, nomes, o que fizeram, para onde foram, e como registraram suas aventuras.
Muitas delas viajaram totalmente sozinhas, outras tiveram companhias em certos trechos. Naquela época só o fato de uma mulher viajar e não estar destinada ao lar e a cuidar de filhos já era um grande escândalo. Foram elas que abriram debate para a mulher no mundo das viagens.
Por isso, essa news vai ser um pouco diferente. Quero trazer 6 mulheres que viajaram sozinhas há muito tempo, por meios diferentes, objetivos e lugares distintos. Cada uma de uma região do mundo.
Elas são apenas 6 dentre as mais de 30 viajantes que encontrei até agora!
Quero dar foco a elas em curtos e resumidos trechos de suas histórias. Quem sabe isso não te incentiva a buscar mais quem elas foram, o que registraram. Na próxima news, voltamos com a nossa programação normal de dicas de viagem, destinos e por aí vai. Combinado?
Aliás…
Vale ressaltar que infelizmente a maioria das viajantes que encontrei são de mulheres brancas. Um dos motivos é que as demais mulheres tinham os direitos ainda mais limitados em algumas partes do mundo. E, por isso, não se tem tantos registros de mulheres negras, indígenas, muçulmanas viajantes, mas é importante falar: elas existem.
Pode ser que a história delas virou uma história oral que existe como lenda até hoje, e é contada de geração em geração. Ou então que elas não dominavam a escrita, ou que a língua delas não teve traduções e a colonização apagou os seus rastros. Ou que elas não registraram porque isso não era algo grandioso na cultura delas, era natural, que todas elas viviam.
Relatos dElas
A primeira é das nossas terras canarinhas: Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), escritora que, quando pequena, roubava folhas do escritório do pai para escrevinhar histórias que inventava. Quando cresceu, virou escritora e passou a escrever crônicas sobre a vida real, sobre o que via e vivia.
Foi uma das primeiras mulheres no país a escrever para jornais. Em 1920 lançou o livro Jornadas do Meu País, onde contou sobre as expedições que fez para diferentes lugares do Brasil para mostrar às pessoas a importância de conhecer nossas raízes.
A segunda é a austríaca Ida Pfiffer (1797-1858). Uma dona de casa que saiu para conhecer o mundo aos 45 anos. Isso em 1840, tá? E ela não foi de qualquer jeito não, ela foi como mochileira: pegando carona, dormindo na casa de locais, comendo o que tinha e fazendo mímica pra se comunicar.
E de quebra ainda escrevia suas aventuras pelo mundo e publicava com um homônimo de nome masculino. Afinal, mulheres escrevendo sobre viagens seria um absurdo. Ainda bem que antes de falecer ela teve seus livros publicados com o próprio nome, como a mulher viajante que é.
Ou a estadunidense Ida B. Wells-Barnett (1862 - 1931), a viajante por ativismo. Ida nasceu como escravizada, um ano antes da emancipação. Criada pela tia, decidiu dedicar sua vida e carreira na luta pelos direitos dos negros. Se tornou uma das primeiras mulheres negras a ser jornalista investigativa.
Viajou para o sul dos Estados Unidos com uma pistola na cintura para escrever e denunciar os assassinatos e linchamentos de pessoas negras. Fundou seu próprio jornal contra a segregação racial. Uns anos depois o escritório dela foi invadido e destruído. Ela não parou, seguiu investigando e viajando, dando palestras pelo mundo todo sobre a situação racial dos Estados Unidos.
Não posso me esquecer da sorridente Junko Tabei (1939-2016), a japonesa montanhista. Uma das primeiras mulheres a escalar o Everest e os 7 Cumes do mundo. Sua fascinação por montanhas começou cedo, quando subiu a primeira aos 10 anos, o Monte Nasu.
Dali em diante ela não encontrava espaço entre os homens na montanha e criou o próprio Clube de Mulheres Alpinistas no Japão. Lembra que ela foi uma das primeiras mulheres? Pois é, ela guiou um grupo de mulheres até o topo. Elas tiveram que confeccionar as próprias roupas, sacos de dormir, jaquetas para a expedição.
Na Oceania, temos Robyn Davidson (1950), que passou mais de um ano aprendendo a treinar camelos para que eles fossem sua única companhia na jornada pelo bruto deserto australiano. Quer dizer, eram quatro camelos, ela e uma cachorra cruzando um deserto por quase 3 mil quilômetros. Isso aos 27 anos de idade. O seu livro dessa aventura, Trilhas, relata dilemas antes da viagem e também a montanha-russa emocional do trajeto.
Por último, mas não menos importante, a etíope Maskaram Haile. Apaixonada por viagens desde pequena, acompanhava sua mãe em grupos de missionários. E por uma coincidência do destino, foi o câncer de sua mãe que a fez voltar para a estrada. Dessa vez, sozinha, uma africana cruzando o continente de Cape Town (África do Sul) até Cairo (Egito).
Agora, ela escreve para inspirar outras pessoas, sobretudo mulheres negras, a viajarem também. Escreve sobre o continente, sobre as semelhanças e diferenças entre os países e regiões.
Essas são apenas algumas mulheres viajantes que encontrei nas pesquisas. Se você conhece outras, me conta nos comentários, por favor? Principalmente de mulheres fora do eixo EUA-Europa. O acervo até agora conta com 32 mulheres, mas sigo em busca de mais histórias e rastros de viajantes pelo mundo.
Descontinhos
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Até a próxima parada,
É cada história... 💛
Muito bom !